17 março 2006

seio

Olhou sem grandes pretensões pretendendo apenas descansar a vista. Mas algum magnetismo obscuro fez com que o olho grudasse nele por largos minutos sem que aos cílios fosse dada a benesse de pestanejar. Não reparou nas mãos amassadas muito menos na barriga saliente insinuada contra a blusa larga de decote farto. Apenas se deixou afundar imaginariamente naquilo que lhe parecia uma enorme almofada de algodão doce. A borda da areola escura tentando fugir do soutien salmão fez com que se perdesse em devaneios sobre formato e textura dos mamilos. Sentado no fundo do ônibus acompanhou a dança produzida por cada novo buraco na estrada e pela primeira vez agradeceu mentalmente o descaso do governo. Se perguntou se algum ser já teria degustado aquele manjar, chegou até a saber-lhe na boca um quê de morno, um quê de azedo. Entretido que estava sequer reparou naqueles olhos macios que o acarinharam de longe e, pego de surpresa, apenas teve tempo para balbuciar... mãe?!

4 comentários:

Jorge Ferreira disse...

sumi nao...a vida ta corrida desse lado do mundo...ando muito pela rua pra conhecer o lugar... estou numa escola de ingles tambem...quase nao tenho tempo pra cuidar dos blogs,,,tenho que aprender logo essa lingua...mas estou sempre por aqui

Claudio Eugenio Luz disse...

Esperei você retornar, li sobre sua viagem e esperei você postar aqui um de seus contos que, como sempre, são cortantes, diretos e belos.

hábeijos

claudio

Warum Nicht? disse...

?
freud?
edipo?
?
gore vidal diz que é minha culpa...

Fonseca disse...

Muito bom!