Aqui jaz um amor que viveu o quanto fazia sentido. Até um pouco depois do seu tempo. Que ficou moribundo muito tempo se negando a perecer, obstinado em seguir sua existência.
Uma vida que acaba não falhou, cumpriu seu ciclo, que de certa forma se realiza
plenamente na morte. Assim, o Amor que morre não é menos valioso. E
nunca dele se diga que não deu certo, pois o Amor dura o tempo do Amor,
que pode ir além ou aquém do tempo de vida dos que se amaram. E ao contrário do Homem, o Amor só morre de morte morrida. É impossivel
finar precocemente, por mais que com o objeto do amor se cortem todos os
laços. Vai se gastando aos poucos, como sola de sapato novo no asfalto, ou na areia vermelha e quente da minha cidade. E esvaído todo o desejo, vazio de toda angústia, sossega-se finalmente o Amor em Paz. E há ainda aqueles onde o Amor é tanto, que sobra, transborda em sorrisos e gestos capazes de contagiar uma cidade. Uma epidemia de felicidade para todos que o testemunham. Hoje o sol brilhou muito e desconfio que foi a última réstia de algum grande amor que explodiu para o mundo sua última luz.
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