18 janeiro 2007

espelhos

Acordar todos os dias e enfrentar essas rugas no espelho. Não pensem que é fácil mas é um exercício necessário. Apontam o fracasso vincado em que me tornei e sempre é importante ter algo que nos lembre quem de verdade somos. A universos de distância do futuro espacial projetado pelos meus ingenuos 6 anos. Á noite tem menos espelhos e algum sonho é possivel. Ah... se o soubessem essas pessoas todas!... Me olham e enxergam a casca decrepita que me envolve, estas celulas mortas que nao se renovam e a cada dia se revestem um pouco mais desse verniz de poeira que tento portar com a dignidade que resta a alguem que precisou voltar a usar fraldas. A moça gentil me cedeu seu braço para atravessar a estrada. Se não me acautelo lá se vai meu femur isoporótico estatelado no asfalto. Me cedeu por instantes talvez a ultima oportunidade de encostar em peitos macios. Existem momentos que valem por anos. Carina não conta. Carina com ká, agá mudo e ipsilon.
Hoje é terça-feira. É mais barato ás terças. Antes ela nao gostava. Agora acho até que goza de vez em quando. Nas outras finge mas eu nao me importo. Depois de uma certa idade poucas coisas importam na vida. Mulheres. Sempre elas. Josiléia e Carina. Me cuidam, cada uma do seu jeito. Mas é Nina, minha pequena que me move diariamente. Acorda cedo e me abraça e me chama e pede para sentar no meu colo. E me segura o rosto amarrotado com suas mãos pequeninas e encosta a sua testa na minha e roda e ri... gargalha e encosta de novo e me olha nos olhos. E nos olhos dela me vejo. E gosto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom seu blog!