Todo aquele clima festivo o deixou enojado. Teve de lamber suas feridas em putrefação por um bom tempo até que seu estomago se acalmasse. Deixou amorosamente que a ratazana que o acompanhava havia algum tempo se alimentasse do que restava do seu pé esquerdo. O direito era quase só uma lembrança e por um segundo se perguntou que parte do seu corpo usaria em seguida para logo depois se dar conta que não importava mais. Os fogos estourando no céu desviaram sua atenção e deduziu que estava na hora de partir. Se perguntou o que ela estaria fazendo naquele momento. Às vezes se permitia a isso.
Abrir a gaveta para admirar mais uma vez aquele amor amarelado. Daqueles que se têm a vida toda e vez ou outra afloram. E acalentou a saudade velha que de repente abarrotou seu peito, com as mesmas historias vencidas regurgitadas com devoção. Admirou mais uma vez aquele único quadro meio torto que ela deixara pra trás e ele tinha guardado bem longe da vista como fazem os viciados. Re-degustou aquelas palavras e como todas as outras vezes o gosto amargo lhe trouxe ao rosto um esgar. Costumava ser diferente. Perto dela seu coração descansava. Tinha de parar com isso. Era um veneno. Aquela história toda. Aquele dia maldito. Maldita. Re-conferiu o troco para o barqueiro impaciente. Em ocasiões como essa errar não é prudente.
3 comentários:
já te falei o quanto eu me impressiono com o que vc escreve ? :)
B²
muito bem escrito, gostei muito daqui, gostei desse blog.
maurizio
Gostei imenso deste texto... Herzlichen Glueckwuensch!
Quando vamos ter o prazer de te ter no clube de escritor@s da GW?
Pensa nisso...
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