Me cumprimentou como se vizinhos fossemos e tivessemos nos encontrado no elevador por acaso. Pior, apenas assente ante o sorriso largo que lhe é dirigido. Não saberia ignorá-lo de volta mesmo depois de Março. Como fazer de conta que não notei o cabelo novo? Como passar por esses olhos sem tropeçar nesse mogno escuro que me fita além da alma? Como resistir e não se perder nessa risada despudorada que é feito aconchego. A menor distancia entre nós não precisa da minha pele na sua. Como não perceber seu olhar em mim quando desavergonhadamente me exponho e me faço louca para que penses que nunca mais quando a resposta certa é... dane-se a resposta certa. Me quisesse de volta, de volta o amor confortável no silêncio, as gargalhadas homéricas partilhadas entredentes, corpos mesclados de tal forma naquela nossa bagunça costumeira que eu ande com tuas pernas e me beijes com meus próprios lábios. Me pego, logo eu, analfabeto em sentimentos, tentando conjugações inesperadas, disposta a novos vocábulos, puzzle de peças infinitas, cogitando múltiplos encaixes, brincadeira de criança grande.
Silencio e deixo que passe, braço dado com ela, enquanto em minh'alma grita o que de mim restou, sobra inutil, descartável, não reciclável... a pairar por aí anos a fio em poluição.
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