Devia estar morta. A tal luz branca estava logo ali. Vozes. Alguém chamando por ela. Anjos? Nã, tinha aprontado o suficiente para não ter essas ilusões.
Mortos podem ter dor de cabeça? Talvez fosse o começo dos suplícios do inferno. Aquela dor parecia mesmo coisa do Demo.
Misturar tequilla com cerveja não tinha sido a melhor idéia do mundo. Mas não se recusa tequilla oferecida pelo homem da sua vida. Disse que o amava. Berrou descontroladamente que o amava até que o dj se desse por vencido e desligasse a música. Aí a danceteria inteira ouviu. Que era louca por ele desde o segundo grau. Que os beijos dele não eram os melhores do mundo mas o amava mesmo assim. Só ele a entendia! Francisco!!
Mas era Carlos quem estava aí. E tinha aparecido na vida dela aquela noite. Oferecera tequilla com a esperança de embebedá-la o suficiente para a levar para a cama. Dera nisso.
Sorriu. Estava morta. Era bom morrer afinal. A cabeça doia implacavelmente. Deliciosamente. Um embrulho estranho no estômago. E a ânsia incontrolável explodiu de dentro dela. A voz se tornou mais nítida. Queria saber se estava tudo bem. Carlos? Tinha se mandado há meia hora atrás. Francisco? Francisco gosta de meninos, lembra?
A luz branca era fria. Tirou a cabeça da privada e deu descarga. Estava viva afinal.
Que alívio! Ainda não estava pronta para se entender com o Demo.
5 comentários:
Assim vou virar fã.
bondade sua!
Poxa, a narrativa escorrega por várias cenas, ou seja, brinca com a sensação de desequilibrio e deixa tonto o leitor. Fantástico, não?, saber que não morreu.Ou, não seria melhor ter morrido, já que no final não havia ninguém ali: nem carlos, muito menos francisco.
estudante, atriz, cantora e crônista promissora! Gostei do blog...bons textos...com sabor de fruta mordida e temperados à tequila...gostaria de linkar-te ao rasgamortalha...que tal? Aceita esta dança?
...sempre sobra a tequilla e o dj q promete desta vez n se deixar vencer tão fácil!!
... dançar? adoro!
:)
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