17 novembro 2005

paisagem

A tarântula anda lépida pelo novo apartamento de cobertura tecido com fio especial desde a mão direita, com dedos decepados, até o joelho esquerdo. Coisa fina!
Moscas verdes vazias de moralismos empedernidos fazem a sua postura no que tinha sido a boca do sujeito, denunciando a cronologia do acontecido. Um verme gordo aproveita o final de tarde em um passeio pela órbita vazia e o pedaço de mandíbula exposto pela insistência de um urubu adolescente é uma lição de vida que deixa sua mãe feliz.
Deitado, o desavisado cadáver é apenas mais um elemento compondo a paisagem.

4 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

Nandi!


Gostei muito...


CC.

Claudio Eugenio Luz disse...

Belo!! Em nenhuma queda as estrelas ou os vermes são mais distintos.

..
hábraços

Defunto Autor disse...

Gosto de como sempre me surrpreendo com você.

Jorge Ferreira disse...

alô querida...em breve estarei dando uma rápida passada em sua terra. No caminho da nova zelândia, estou querendo pasar uns dois dias no Rio. Gostaria de te conhecer...me dá a honra?