Sabe, preciso lhe contar. Nossa cerejeira morreu. Era uma intenção ainda. Troncos verdes e um amontoado imberbe de folhas. Mas já se podia ver que seria linda, daqui a uns anos, a nossa arvore. Sonhei-a muitas vezes formosa e carregada, quase abraçando as nuvens. Sabe quantos anos dura uma cerejeira? Quantas primaveras floridas assistiriamos ao abrigo da sombra, embalados pelo vento que sopra nos galhos. Contando ninhos de pássaros estranhos, que estariam ali porque um dia a plantamos e cuidamos para que crescesse. Você quis o tronco rabiscado com canivete, as flores e a sombra. Toleraria até os pássaros. Mas esqueceu à beira da janela, num vaso pequeno demais, o que precisa de terra para se fixar. Porque as cerejeiras, como os amores, só florescem em solo fértil, onde haja espaço para largar raízes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário