30 maio 2009

a farsa


"O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício"
Ana Carolina




Meu mímico me envolve, cativa. Sei que usa máscaras mas ahh... ele sabe cultivar o suspense! Dá saltos pelos quais não espero. Tão bonitos e tão exatos que os diria coreografados se pudesse. Se ousasse duvidar de sua perícia. Mas meu mímico sempre se supera e me encanta a cada nova peripécia! Sempre outras faces antes que nelas pense. Gargalho a cada nova em deleite, a cada reviravolta! Uma rosa, um segredo. Bravo!! A Tristeza, a Esfinge. O Amor, para deixar o mundo a explodir em cores. Eis que, reviravolta, surge um novo rosto. O último, parece. Máscara? Tem brilho de pele. Pele lisa, linda e macia. Se desnuda enfim e como sorri bonito para mim! Me aproximo em transe, em ânsia. Quando me atinge o que se exala por baixo da casca... ahh... o cheiro! É podre.
E o artista se desmonta em fragmentos hediondos. Putrefactos.
A farsa é finda. Cortinas abertas.
E ninguém aplaude.

2 comentários:

Anônimo disse...

As máscaras acabam sempre por cair um dia… é triste é quando descobrimos tarde demais a falta de essência de alguns mímicos que nos rodeiam…

C...sem kapa ou épsilon! ;)

JKM disse...

A máscara é aquilo que permite que algumas pessoas possam ser amadas...e desejadas. Porque sem ela, muita gente viveria sem nada, sem afecto e sentimemtos de outras pessoas, porque os seus rostos, e a sua essência, assim o fariam.

Felizes aqueles que conseguem ser amados, sendo eles próprios, sendo autênticos.

Nunca nos devemos arrepender de dar amor, de oferecer autenticidade aos que nos reodeiam, porque só dá quem tem para dar!!

Para quê o teatro, se todas as peças têm o seu final?
:)