05 outubro 2009

sepse

Era um filme, é um filme. Um pesadelo martelando seu estômago em agonia. Uma bad trip, patrocinada pelo pó de qualidade duvidosa.
Sangue de criancinha moribunda escorrendo em um único fio intensamente vermelho. Serpenteando entre tripas cobertas apenas por uma película de epiderme transparente. Escarro de puta bêbada. Vômito regurgitado em goelas ruminantes. Sémen apodrecendo em testículos impotentes. Tudo passando em flashes furiosos. E de novo. Criancinha bêbada, puta vomitada, testículos regurgitando a porra podre e sanguinolenta, fertilizante perfeito para as ratazanas cegas do esgoto. Não era um filme. Se não tem música de fundo em algum momento, não é filme. Cada ser humano é insano do seu jeito, tem suas neuroses, sua percepção distorcida particular, mas ele devia estar ficando maluco de verdade, daqueles que o hospício dopa para que não endoideça o resto do povo. Como se sentir assim, como se aquele nó eternamente crescendo na garganta tivesse finalmente drenando pus pela sua traqueia e fosse isso que no momento nutria suas células, alimentando tudo. Que tipo de monstro era ele que passara a necessitar da podridão humana para sobreviver. E ainda assim, o peito vazio de palpitação, como quem somente espera que a vida toda se gaste para enfim ter sossego.
No seu corpo, apenas o estômago se retorcia. Não pôde deixar de sorrir em escárnio ante aquela mostra ridícula de vulnerabilidade. Esse esgar de dor era exatamente o que precisava. Quis espremer mais um pouco como quem espreme uma espinha particularmente difícil, até o ponto em que a dor dilacera. Sempre parando antes da erupção pustulenta libertadora. Alguns não merecem o alívio de explosão. No caso dele era estratégia. Essa agonia, percebeu, era seu frágil cordão ubilical com a vida.

Um comentário:

Garagos disse...

Agora vc esta falando a minha língua :P