04 setembro 2005

mona lisa

Era mais um daqueles dias típicos de verão. Praias repletas onde formigavam autênticos depósitos humanos de cevada. Pais e mães de família desesperados por diversão, ou por pelo menos parecer divertidos, procurando sugar até à vermelhidão quase cancerígena os fartos ultravioletas... tentativa aflita de fazer render os parcos dias de férias . Mas ela parecia alheia à explosão de vida que se sucedia em volta. Como se a alma se tivesse, por momentos, despido do corpo e esse tivesse ficado por ali, esquecido...
Um sorriso de Mona Lisa dos tempos modernos enfeitava-lhe a boca demasiado grande. O sol, ácido, estranhamente acalentava. O passado turbilhonando na cabeça, passado só há pouco passado. Passado que invalidava completamente a possibilidade de futuro. O sorriso esmorece nos olhos, pequenas perolas negras, que se aproximam primeiro para depois se fecharem. Um grito é sufocado na garganta. Uma criança pequena foge assustada e observa de longe debaixo da toalha materna. As lagrimas se somam ao mar calmo e antecipam a maré cheia.
Remoeu o começo de tudo, a festa, o jantar onde ninguém tinha fome mas que servira como pretexto, a mesma praia com um universo inteiro de estrelas que nem de longe tinham o brilho dos olhos daqueles que reconhecem o seu último primeiro encontro.
Não dava para ser diferente. Inevitável. Deixou escapar um soluço estridente, e decidiu mais um passo. A agua fria roçando pelas coxas. As mãos dele roçando pelas coxas. A alma dela experimentando tons azuis. Dois passos. A agua morna roçando seus segredos. A boca dele experimentou os seus segredos.

continuo aceitando sugestões! ;-)

2 comentários:

Defunto Autor disse...

Sexo costuma funciona. Hehe.

nandi disse...

sugestão aceite. mais alguma? ;-)