20 outubro 2005

tv

Estava num daqueles dias onde se arrumam todas as desculpas para não fazer o que tem que ser feito. E a velha tv que ainda não conhecia as cores logo ali, enfeitando a poeira do sotão. Funcionaria?
Nada. Nada, e nada. Quando apertou o comando pela quarta vez, aconteceu. O milagre era velho, gordo e barbudo. A sequência especial discada ao acaso o acordara. Na tv o mocinho encontrava a mocinha depois de uma briga de 4 capítulos, e o gênio no sofá explicando que para acompanhar a tecnologia resolvera, há alguns anos, mudar da velha xícara Ming para aquele comando. Ah, a dona não fazia idéia do que é a vida dos gênios que ainda estão por aí. Do outro lado o mocinho pegava na mão da mocinha com lágrimas no canto do olho prontas para inundar o próximo take. No tempo em que ele era jovem, isso sim eram bons tempo!
Tinha gostado dela por isso revelaria um dos grandes mistérios da humanidade. E o mocinho revelou o mistério que durara a novela inteira. Sabe as pirâmides de Gizé? Três. Pois então! Mas a dona que pensasse bem pensado porque desejo mesmo só um, a economia não andava tão bem como eles gostavam de fazer parecer. Na tela monocromática a moça suspirava o suspiro que antecede a reconciliação e ela desejou. Desejou que aquele filho de pirâmide mal parida fizesse o favor de calar a boca. Onde já se viu atrapalhar assim logo na hora da novela!

4 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Nandi, nandi. Mais uma vez brincando com os cacos da modernidade e lançando para os leitores pedaços dessa caminhada tortuosa. A gente brinca de procurar, nas ruínas da casa, as peças para reconstruir o quebra-cabeça.

..
hábeijos

Jorge Ferreira disse...

humor e rumores cotidianos...o que se esconde por baixo daquilo que guardamos? Poeira...dúvida...graça?

Jorge Ferreira disse...

sinto falta dos seus textos...obrigado por continuar aparecendo no rasgamortalha!!!
abraços
jf

Jorge Ferreira disse...

onde estará a nandi?