Caiu sobre os seus ombros fazendo mais pesado o recém-amado em seu colo. De súbito se fez crepúsculo e o consultório, minúsculo, se fechou sobre ela espremendo lágrimas sufocadas nas últimas semanas e o bolo que cada vez mais comprimia a traquéia. Acariciou as bochechas do bebé inocente, mãe-centopéia, sem pés, sem chão. Uma careta insolente e uma ameaça de choro-revolução comprovavam a irreversibilidade daquele ser humano ínfimo que, abrigado nos seus braços, abocanhava já sôfrego o peito inchado. E lhe deu novo ânimo aquela criança afoita, sugando todas as gotas de vida, devolvendo ao mundo o ar supérfluo em manifestação sonora.
O diagnóstico não tinha brechas, o cromossomo estava ali mas não faria diferença, pensou apreciando o sol que, teimoso, se divertia derretendo as nuvens cinzentas horizonte afora.
13 comentários:
Belo conto.O seu blog é tudo de bom.
A descrição metaforizada ficou fantástica. Gostei mesmo! Vou comecar a frequentar por aqui...
Diagnostico profundo e, porque não, melancolico sobre uma realidade cada vez mais proxima.
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hábraços,claudio
choro-revolução foi ótimo. bom texto.
moca
www.tequilasun.blogger.com.br
Muito bom!
dia agnóstico.
aquela assim:
tu ti tundum, ti dum
tudumdumdum
;)
Sabe como é né, fim de namoro, adolescente frustrado.. pensamentos a mil! UEhauehaU tenho que tomar nota!
Gostei do seu blog! Adoro textos curtos. Voce também escreve muito bem!
Um beijo
Joana
Creio que já esteja longe o suficiente... Moro em João Pessoa! UEauehaU :P
Posso apenas desejar um feliz natal?
para todos nós!! feliz natal e aquele voto mais do que batido mas sempre oportuno:
CARPE DIEM!
guria!
como tu consegue cristalizar assim um momento?
sou teu fã, já...
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